Série “São Francisco e o Natal”: A casa comum do Menino Jesus
por Por Alex CarvalhoEm toda a sua vida São Francisco conheceu em profundidade o amor de Deus e também conheceu toda sua fragilidade e incapacidade de por si mesmo de amar o Senhor. Somente a Graça do Altíssimo poderia elevar o poverello de Assis e dar-lhe um coração apaixonado pelo menino Jesus. Ele nos ajuda a contemplar o mistério da […]
Em toda a sua vida São Francisco conheceu em profundidade o amor de Deus e também conheceu toda sua fragilidade e incapacidade de por si mesmo de amar o Senhor. Somente a Graça do Altíssimo poderia elevar o poverello de Assis e dar-lhe um coração apaixonado pelo menino Jesus.
Ele nos ajuda a contemplar o mistério da encarnação de forma muito acertada, como diz o Cardeal Raniero Cantalamessa: “não importa, de fato, apenas saber que Deus se fez homem; importa também saber que tipo de homem Ele se fez”. De fato, o Verbo de Deus se fez carne, e habitou entre nós (Jo 1,14), Jesus Cristo sendo rico, se fez pobre por nós, a fim de nos enriquecer com Sua pobreza (2 Cor 8,9).
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Seguindo a intuição de Frei Raniero Cantalamessa “se pelo fato da encarnação, o Verbo, de certa forma, assumiu cada homem, como diziam alguns padres da Igreja, pelo modo como a encarnação se realizou, Ele assumiu, de forma especial, o pobre, o humilde, o sofredor, a ponto de identificar-se com eles“.
Francisco, consciente disso, percebeu essa realidade com extrema sensibilidade e ternura, mesmo antes da representação do Natal em Greccio, quando abraçou e beijou o leproso o qual antes só tinha repulsa. Assim, “não acolhe plenamente a Cristo quem não está disposto a acolher o pobre com quem Cristo se identificou (…) os pobres são os pés descalços que Cristo ainda mantém nesta terra“.
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O presépio para nós cristãos é um convite a sentir, a tocar, a pobreza que escolheu para Si mesmo, o Filho de Deus na Sua Encarnação, tornando-se assim, de forma belíssima, um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento, que parte da manjedoura de Belém e leva até a Cruz. É ainda um apelo a encontrá-Lo e servi-Lo com misericórdia, nos irmãos e irmãs mais necessitados (Mt 25, 31-46) e levá-los todos à casa comum do Menino Jesus.
São os mais humildes e os mais pobres que, de modo especial, sabem acolher o mistério da Encarnação. A Deus que se abaixa até nós, se fez criança para nos ensinar a amar, os pastores respondem pondo-se a caminho rumo à Ele, para um encontro de felicidade e de grata admiração (Lc 2, 8-14). É precisamente este encontro entre Deus e seus filhos, graças a Jesus, que dá vida a nossa religião e constitui a sua beleza singular, que transparece de modo particular no presépio (AS 5).
“Um dia, estando os irmãos a discutir se poderia ou não comer carne, dado que o Natal, esse ano, caía à sexta-feira, respondeu Francisco a frei Morico: «Irmão, é um pecado chamar dia de Vênus ao dia em que nasceu por nós o Menino. Desejaria – acrescentou – que em semelhante dia até as paredes comessem carne; mas, como não é possível, sejam ao menos untadas com gordura».
Queria que nesse dia os ricos dessem comida abundante aos pobres e famintos, e que os bois e jumentos tivessem mais penso que o habitual. «Se eu falasse com o Imperador – dizia –, pedir-lhe-ia que promulgasse um édito geral para que todos os que pudessem fossem obrigados a espalhar trigo e outros cereais pelos caminhos, para que, em tão grande solenidade, as avezinhas, sobretudo as irmãs cotovias, comessem com abundância». Não conseguia reprimir as lágrimas, ao pensar na extrema pobreza que padeceu nesse dia a Virgem Senhora pobrezinha.
Uma vez, estando sentado à mesa a comer, e tendo um irmão recordado a pobreza da bem-aventurada Virgem e de seu Filho, imediatamente se levantou a chorar e a soluçar, e, com o rosto banhado em lágrimas, comeu o resto do pão sobre a terra nua. Por isso chamava à pobreza virtude real, pois refulge com tanto esplendor no Rei como na Rainha.
E como os irmãos lhe tivessem perguntado um dia, em Capítulo, que virtude tornaria alguém mais amigo de Cristo, respondeu como quem confia um segredo do coração: «Sabei, irmãos, que a pobreza é um caminho privilegiado para a salvação. As suas vantagens são inumeráveis, mas muito poucos as conhecem” (Tomás de Celano – Vita Secunda: Memorial do Desejo da Alma, 199-200).
‘Vem e reconstrói a minha casa’
Estão abertas as inscrições para o Retiro do Advento 2023 da Comunidade Católica Shalom, que é um itinerário formativo e oracional para te ajudar a viver bem o tempo litúrgico de preparação para o Natal. Serão 29 dias, de 3 de dezembro a 1 de janeiro, em um itinerário de oração diária, iluminado pela Palavra de Deus.
O tema deste ano é “Vem e reconstrói a minha casa” Cf. Ag 2, 1-8.
E para complementar toda a riqueza desse itinerário espiritual, o comshalom disponibilizará na página comshalom.org/advento conteúdos formativos, orações e notícias, além dos salmos dominicais do advento, homilia diária e outros conteúdos oracionais no canal do YouTube Capela Sh.
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