Papa no Dia Mundial da Terra: Cuidar da Casa comum e dos mais frágeis
por cancaonovaPOR JÚLIA BECK QUARTA-FEIRA, 22 DE ABRIL DE 2020, 8H13 MODIFICADO: QUARTA-FEIRA, 22 DE ABRIL DE 2020, 8H35 “Ao celebrar o Dia Mundial da Terra hoje, somos chamados a redescobrir o sentido do respeito sagrado pela terra, porque não é apenas a nossa casa, mas também a casa de Deus”, disse Francisco Papa durante a Catequese desta quarta-feira, 22/ Fotos: Vatican Media A catequese do […]
“Ao celebrar o Dia Mundial da Terra hoje, somos chamados a redescobrir o sentido do respeito sagrado pela terra, porque não é apenas a nossa casa, mas também a casa de Deus”, disse Francisco
A catequese do Papa Francisco, desta quarta-feira, 22, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico por causa da pandemia de coronavírus, foi dedicada ao 50º Dia Mundial da Terra. “Celebramos hoje o 50º Dia Mundial da Terra. É uma oportunidade para renovar o nosso compromisso de amar a nossa Casa comum e cuidar dela e dos membros mais frágeis de nossa família. Como a trágica pandemia de coronavírus está nos mostrando, somente juntos e ajudando os mais frágeis podemos vencer os desafios globais”, disse o Pontífice.
O Papa citou um trecho de sua Encíclica Laudato si’ “Sobre o cuidado da Casa comum” e convidou a refletir sobre a responsabilidade que caracteriza a “nossa passagem nesta terra”. “Somos feitos de matéria terrestre, e os frutos da terra sustentam a nossa vida. Mas, como o livro do Gênesis nos recorda, não somos simplesmente ‘terrestres’: também carregamos em nós o sopro vital que vem de Deus”.
Homens e mulheres vivem na Casa comum como uma única família humana e na biodiversidade com as outras criaturas de Deus, afirmou o Pontífice. “Como imago Dei, somos chamados a cuidar e respeitar todas as criaturas e nutrir amor e compaixão por nossos irmãos e irmãs, especialmente pelos mais frágeis, imitando o amor de Deus por nós, manifestado em seu Filho Jesus”.
Segundo o Santo Padre, por causa do egoísmo, a humanidade falha em sua responsabilidade como guardiã e administradora da terra. Para constatar este fato, Francisco frisou que basta olhar a realidade com sinceridade para ver que há uma grande deterioração da Casa comum. “Nós a poluímos e depredamos, colocando em risco nossa própria vida. Por isso, vários movimentos internacionais e locais foram formados para despertar as consciências”. O Papa reiterou que ainda será que os mais jovens saiam às ruas para ensinar o que é óbvio, ou seja, que não há futuro se todos destruírem o ambiente que os sustenta.
nossos irmãos. Pecamos contra a terra, contra o nosso próximo e contra o Criador, o Pai bom que provê a todos e quer que vivamos juntos em comunhão e prosperidade”. “E como a Terra reage?”, perguntou o Pontífice, citando um ditado espanhol que é muito claro nisso, e diz o seguinte: “Deus sempre perdoa; nós, homens, perdoamos às vezes sim, às vezes não; a Terra nunca perdoa. A Terra não perdoa: se deterioramos a Terra, a resposta será muito ruim”.
Em seguida, Francisco perguntou: “Como podemos restabelecer uma relação harmoniosa com a terra e o resto da humanidade?”. “Precisamos de uma nova maneira de olhar a nossa Casa comum. Ela não é um depósito de recursos a serem explorados. Para nós, fiéis, o mundo natural é o ‘Evangelho da Criação’, que expressa o poder criativo de Deus em plasmar a vida humana e em fazer o mundo existir junto com o que ele contém para sustentar a humanidade. A narração bíblica da criação termina assim: ‘E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era muito bom’”.
O Pontífice sublinhou que é necessário despertar o sentido estético e contemplativo que Deus colocou na humanidade. Segundo ele, a profecia da contemplação é algo que homens e mulheres aprendem sobretudo com os povos nativos, que ensinam que não se pode cuidar da Terra sem amá-la e respeitá-la. De acordo com Francisco, os povos nativos têm a sabedoria do “bem viver”, do viver em harmonia com a terra.
“Ao mesmo tempo, precisamos de uma conversão ecológica expressa em ações concretas. Como uma família única e interdependente, precisamos de um plano compartilhado para afastar as ameaças contra nossa Casa comum. A interdependência nos obriga a pensar num só mundo, a um projeto comum. Estamos conscientes da importância de colaborar como comunidade internacional para a proteção de nossa Casa comum”.
O Papa exortou os que têm autoridade de guiar o processo que levará a duas importantes Conferências internacionais: a COP15 sobre a Biodiversidade, em Kunming, na China, e a COP26 sobre Mudanças Climáticas, em Glasgow, no Reino Unido. Incentivou a organização de ações miradas no âmbito nacional e local, e a dar vida a um movimento popular “de baixo”.
“O Dia Mundial da Terra, que celebramos hoje, nasceu assim. Cada um de nós pode dar sua pequena contribuição”, disse ele, citando um trecho da Encíclica Laudato si: “E não se pense que estes esforços são incapazes de mudar o mundo. Estas ações espalham, na sociedade, um bem que frutifica sempre para além do que é possível constatar; provocam, no seio desta terra, um bem que sempre tende a difundir-se, por vezes invisivelmente”.
O Santo Padre concluiu sua catequese, pedindo que neste tempo de renovação pascal, todos procurem amar e apreciar o magnífico dom da terra, a Casa comum e a cuidar de todos os membros da família humana. “Como irmãos e irmãs, supliquemos juntos o nosso Pai celestial: Envia o teu Espírito e renova a face da terra”.
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