Papa: a compaixão é a linguagem de Deus e nos salva da indiferença
por Da redação, com Vatican News“Se a compaixão é a linguagem de Deus, muitas vezes a indiferença é a linguagem humana”, disse Francisco na homilia desta terça-feira, 17 Abrir o coração à compaixão e não se fechar à indiferença. Esse foi o convite que o Papa Francisco fez, na manhã desta terça-feira, 17, ao celebrar a Missa na Casa […]
“Se a compaixão é a linguagem de Deus, muitas vezes a indiferença é a linguagem humana”, disse Francisco na homilia desta terça-feira, 17
Abrir o coração à compaixão e não se fechar à indiferença. Esse foi o convite que o Papa Francisco fez, na manhã desta terça-feira, 17, ao celebrar a Missa na Casa Santa Marta. “A compaixão, de fato, leva-nos para o caminho da verdadeira justiça, salvando-nos, assim, do fechamento em nós mesmos”, observou o Santo Padre em sua homilia.
Toda a reflexão foi feita a partir do trecho do Evangelho de Lucas da liturgia de hoje (Lc 7,11-17), em que é narrado o encontro de Jesus com a viúva de Naim, que chora a morte do seu único filho, enquanto é levado ao túmulo. O evangelista diz que Jesus “sentiu compaixão para com ela”, explicou o Papa. Segundo o Pontífice, havia muita gente que acompanhava aquela mulher, mas Jesus viu a sua realidade: ficou sozinha até o final da vida, é viúva, perdeu o único filho. É propriamente a compaixão que faz compreender profundamente a realidade:
“A compaixão faz ver as realidades como são; a compaixão é como a lente do coração: faz-nos entender, realmente, as dimensões. No Evangelho, Jesus sente, muitas vezes, compaixão. A compaixão também é a linguagem de Deus. Não começa, na Bíblia, a aparecer com Jesus: foi Deus quem disse a Moisés “vi a dor do meu povo” (Ex 3,7); é a compaixão de Deus que envia Moisés para salvar o povo. O nosso Deus é um Deus de compaixão, e a compaixão é – podemos dizer – a fraqueza de Deus, mas também a sua força. Aquilo que de melhor dá a nós: porque foi a compaixão que o levou a enviar o Filho a nós. É uma linguagem de Deus, a compaixão”.
A compaixão “não é um sentimento de pena” que se sente, por exemplo, quando vemos morrer um cachorro na rua: “coitadinho, sentimos um pouco de pena”, afirmou Francisco, mas é “se envolver no problema dos outros, é arriscar a vida ali”. O Senhor, de fato, arrisca a vida. Outro exemplo dado pelo Papa vem do Evangelho da multiplicação dos pães, quando Jesus diz aos discípulos que deem de comer à multidão que o seguiu, enquanto eles preferiam que fosse embora. “Os discípulos eram prudentes”, notou o Santo Padre.
“Eu creio que, naquele momento, Jesus tenha ficado bravo no coração”, prosseguiu o Pontífice, considerando a resposta que deu: “Deem vocês de comer!”. O seu convite é para cuidar das pessoas, sem pensar que, depois de um dia assim, poderiam ir aos vilarejos para comprar pão. “O Senhor, diz o Evangelho, sentiu compaixão, porque via aquelas pessoas como ovelhas sem pastor”, recordou o Papa. De um lado, portanto, o gesto de Jesus, a compaixão e, de outro, a atitude egoísta dos discípulos, que “buscam uma solução sem se comprometer”, sem sujar as mãos, como dizendo: “que se virem”:
“E se a compaixão é a linguagem de Deus, muitas vezes, a indiferença é a linguagem humana. Cuidar até certo ponto e não pensar além. A indiferença. Um dos nossos fotógrafos, do l’Osservatore Romano, tirou uma foto que, agora, está na Esmolaria, que se chama “Indiferença”. Já falei outras vezes disso. Uma noite de inverno, diante de um restaurante de luxo, uma senhora que vive na rua estende a mão a outra senhora que sai, bem coberta, do restaurante, e esta senhora olha para o outro lado. Essa é a indiferença. Vejam aquela foto: esta é a indiferença. A nossa indiferença. Quantas vezes olhamos para o outro lado… E assim fechamos a porta para a compaixão. Podemos fazer um exame de consciência: eu, habitualmente, olho para o outro lado? Ou deixo que o Espírito Santo me leve para o caminho da compaixão? Que é uma virtude de Deus”.
Em seguida, Francisco se disse comovido com uma palavra do Evangelho de hoje, quando Jesus diz a esta mãe: “Não chore”. “Uma carícia de compaixão”, afirmou. Jesus toca no caixão, ordenando ao jovem que levantasse. O jovem, então, ficou sentado e começou a falar. E o Papa ressaltou propriamente o final: “E Jesus o entregou à sua mãe”:
“Ele o entregou: um ato de justiça. Esta palavra se usa na justiça: restituir. A compaixão nos leva para o caminho da verdadeira justiça. É preciso sempre devolver àqueles que têm certo direito, e isso nos salva sempre do egoísmo, da indiferença, do fechamento em nós mesmos. Continuemos a Eucaristia de hoje com esta palavra: “O Senhor sentiu compaixão. Que Ele tenha também compaixão de cada um de nós: nós precisamos disso”, concluiu.
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