A FLORZINHA DO CARMELO
por Iali Nogueira MendonçaNo dia 02 de Janeiro de 1873, nascia, em Alençom, na França, Maria Francisca Teresa Martin, a filha mais nova de Louis Martim e Zélia Guérin. A vida da Santa foi marcada por grande sofrimento interior. Ela relata no livro História de uma Alma que um dos períodos mais felizes de sua vida foi o […]
No dia 02 de Janeiro de 1873, nascia, em Alençom, na França, Maria Francisca Teresa Martin, a filha mais nova de Louis Martim e Zélia Guérin.
A vida da Santa foi marcada por grande sofrimento interior. Ela relata no livro História de uma Alma que um dos períodos mais felizes de sua vida foi o de sua infância, quando ainda vivia com sua mãe.
Aos 04 anos de idade, Teresa sofre o primeiro trauma: o falecimento de sua mãe acometida por um câncer. Ela, que era tão viva e expansiva, se tornara uma criança tímida e extremamente sensível. Bastava um olhar para que ela chorasse por horas, sempre estava na companhia de pessoas da família, pois se sentia segura e era onde reencontrava novamente a alegria. Com o falecimento de Zélia Guérin, Teresinha escolheu Paulina, a irmã mais velha, para ser sua segunda mãe. Porém, a pobre criança não imaginava que mais uma vez seria abandonada, pois Paulina estava se preparando para entrar no Carmelo. Paulina conversou com a pequena irmã e contou-lhe como era a vida no Carmelo. Foi a partir daí, aos 9 anos de idade, que ela sentira um chamado divino à vida carmelita e começou a cultivar esse desejo em seu coração de maneira que já queria ingressar o mais rápido possível no Carmelo.
A tristeza da perda do convívio com Paulina foi tão grande que a pobre criança adoeceu, uma doença misteriosa, que ela atribui ao diabo, mas que na verdade era depressão grave. Ela sempre foi hipersensível, o que agravou seu quadro. Foi então, num domingo de Pentecostes, no auge de suas alucinações, que Maria, sua irmã, se pôs de joelho e começou a rezar à Virgem Santíssima pela cura de sua irmã. Assim, Teresinha viu a Santíssima Virgem sorrindo para ela e todo o sofrimento e tristeza que estava vivendo se tornou alegria.
Foi no Natal de 1886, que ela teve a cura dos escrúpulos e de sua hipersensibilidade. Aconteceu então a “conversão completa”: quando ela tinha 13 anos, quase 14. Apesar de já ser adolescente, ainda colocava presentes nos sapatos juntos à lareira, uma tradição para as crianças da Europa na época do Natal. Sem saber de sua presença na sala, naquela noite de Natal, seu pai comentou, já enfastiado, que estava satisfeito porque aquele seria o último ano em que ela faria aquilo. Para ela foi um choque ouvir isso de seu amado pai, seu “rei”, como ela dizia. Mas, nesse momento ela teve uma reação surpreendente, um momento de cura e de conversão mesmo. Havia reencontrado a força de ânimo que perdera aos 4 anos e conservá-la-ia para sempre. A partir desse dia, nasceu o grande desejo de trabalhar pela conversão dos pecadores, a caridade penetrava em seu coração e esqueceu de si mesma para fazer a vontade de Jesus.
Com o desejo ardente de entrar para o Carmelo com 14 anos, o pai de Teresinha chegou a conversar com o Bispo, mas não obteve sucesso, foi então que a decisão e determinação da jovem a levaram até o Papa, na época, Leão XIII, e com 15 anos estava Teresinha a ingressar no Carmelo para salvar as almas e rezar pelos sacerdotes.
Teresinha, que toma o nome de Irmã Teresa do Menino Jesus da Sagrada Face, foi uma irmã como as outras. Poucas companheiras percebiam que ela era especial. Os seus primeiros passos no Carmelo foram mais espinhos do que rosas, à medida que o seu sofrimento crescia, mais ela o desejava viver, não expressava para ninguém que estava sofrendo. A sua madre superiora estava sempre reclamando dos serviços domésticos, humilhando-a e sempre a tratando com desdém, procurando dar-lhe os serviços mais pesados do Carmelo. Mas Teresinha fazia tudo por amor, pois compreendia que sem o amor todas as obras nada valiam e via em vez de sua Madre o próprio Jesus e por isso tinha por ela um grande amor. Ela tinha também muita dificuldade em se abrir para as suas superioras, não conseguia externar o que sua alma vivia e para ela era um grande sofrimento. Então, tomou Jesus como seu diretor espiritual.
A partir daí, Santa Teresinha começa a trilhar o caminho da simplicidade chamado de pequena via, em que os pequenos atos do dia a dia, quando feitos com amor, geram frutos de santidade. Ela dizia que não tinha forças para fazer as grandes obras heroicas dos santos famosos da Igreja, só conseguia fazer pequenas coisas, mas nessas pequenas coisas estava o segredo de sua santidade.
A pequena via é um caminho que pode ser seguido por qualquer pessoa, não se exige penitências extraordinárias e grandes feitos, mas na simplicidade a sabedoria de revestir de amor todas as atividades da nossa vida, até mesmo as mais banais.
“A caridade deu-me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja tinha corpo, composto de vários membros, não lhe faltava o mais necessário, o mais nobre de todos. Compreendi que a Igreja tinha coração, e que o coração era ardente de amor. Compreendi que só o amor fazia os membros da Igreja atuarem e que, se o amor extinguisse, os Apóstolos já não anunciariam o Evangelho e os mártires se recusariam a derramar seu sangue…Compreendi que o amor abrange todas as vocações, alcançando todos os tempos e todos os lugares…Numa palavra, é eterno… “
“– Então no transporte de minha delirante alegria, pus-me a exclamar: Ó Jesus, meu amor, minha vocação, encontrei-a afinal: MINHA VOCAÇÃO É O AMOR. Sim, atinei meu lugar na Igreja, e tal lugar, ó meu Deus, fostes vós que me destes… No coração da Igreja, minha mãe, serei o amor… Assim serei tudo… Assim se realizará meu sonho!!!”
O mais profundo desejo do coração de Teresinha era ter sido missionária “desde a criação do mundo até a consumação dos séculos”. Sua vida nos deixou essa proposta, selada na autobiografia “História de uma alma”. Como intercessora dos missionários, sacerdotes e pecadores que não conheciam a Jesus, continua, ainda hoje, vivendo o Céu, fazendo o bem aos da terra.
Santa Teresinha entrou na Vida Eterna no dia 30 de setembro de 1897. Suas últimas palavras foram: “Meu Deus eu vos amo!” As irmãs rezam o Credo. A cabeça dela se mexe, ela sorri. Entra um passarinho em sua cela, que voa sobre o seu leito e sai. Ela morre, mas nos deixa um grande legado de amor e humildade!
Após sua morte, aconteceu a publicação de seus escritos. Houve chuva de rosas, de milagres e de graças de todo o gênero. Realmente ela era o que Deus pensava dela. Foi canonizada em 1925 e declarada padroeira das missões em 1927, pelo Papa Pio XI. E proclamada Doutora da Igreja no centenário de sua morte, pelo Papa João Paulo II em 1997.
Viva Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face! Viva a Patrona da Boa Semente! Viva a Padroeira das Missões e Doutora da Igreja! Viva a Virgem do Carmelo!
Iali Nogueira Mendonça
Consagrada na dimensão de Aliança da Comunidade Mariana Boa Semente
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