1° DIA DO TRÍDUO AOS SANTOS ANJOS DA GUARDA
por Boa Semente1 – SINAL DA CRUZ 2 – VINDE ESPÍRITO SANTO… 3 – INTENÇÕES 4 – ORAÇÃO INICIAL À VOSSA TUTELA (de São Pedro Canísio) “À vossa tutela me recomendo, ó santo Anjo, pois à vossa guarda me confiou a divina bondade. Sou cego, guiai-me; sou ignorante, instruí-me; sou fraco, confortai-me; […]
1 – SINAL DA CRUZ
2 – VINDE ESPÍRITO SANTO…
3 – INTENÇÕES
4 – ORAÇÃO INICIAL
À VOSSA TUTELA (de São Pedro Canísio)
“À vossa tutela me recomendo, ó santo Anjo, pois à vossa guarda me confiou a divina bondade. Sou cego, guiai-me; sou ignorante, instruí-me; sou fraco, confortai-me; sou pequenino, protegei-me; sou um caminhante extraviado, reconduzi-me à estrada real; sou preguiçoso, excitai-me; sou tardo, estimulai-me a progredir no bem. E sobretudo fazei que aquela extrema e perigosa luta, que eu terei que sustentar com os demônios em minha morte, tenha termo feliz, para que, passando a ser companheiro vosso no céu, possa cantar alegremente o hino da vitória: ‘rompeu-se-nos o laço e livres dali nos fomos’.” Amém.
5 – SOBRE OS ANJOS NO MAGISTÉRIO DA IGREJA
DA CRIAÇÃO DOS ANJOS (de São João Paulo ll)
- As nossas catequeses sobre Deus, criador do mundo, não podem ser concluídas sem dedicar a atenção adequada a um conteúdo preciso da revelação divina: a criação de seres puramente espirituais, a que a Sagrada Escritura chama “anjos”. Esta criação aparece claramente nos Símbolos da fé, particularmente no Credo Niceno-Constantinopolitano: “Eu acredito em um Deus, o Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas (isto é, entidades ou seres) visíveis e invisíveis”. Sabemos que o homem goza de uma posição singular dentro da criação: graças ao seu corpo pertence ao mundo visível, enquanto que para a alma espiritual, que vivifica o corpo, está quase na fronteira entre a criação visível e o invisível. Para este último, de acordo com o Credo que a Igreja professa à luz da revelação, pertencem a outros seres, puramente espirituais, portanto não próprios do mundo visível, ainda que presentes e nele operem. Eles constituem um mundo específico.
- Hoje, como no passado, discutimos com maior ou menor sabedoria sobre esses seres espirituais. É preciso reconhecer que a confusão às vezes é grande, com o consequente risco de passar como fé da Igreja sobre os anjos o que não pertence à fé, ou, vice-versa, de omitir algum aspecto importante da verdade revelada. A existência de seres espirituais, que a Sagrada Escritura costuma chamar de “anjos”, já era negada no tempo de Cristo pelos saduceus (cf. At 23, 8). Mesmo os materialistas e racionalistas de todos os tempos negam isso. No entanto, como um teólogo moderno observa agudamente, “se alguém quisesse se livrar dos anjos, teria que revisar radicalmente a própria Sagrada Escritura, e com ela toda a história da salvação” (A. Winklhofer, Die Welt der Engel, Ettal 1961, p. 144, nota 2; em Mysterium Salutis , II, 2, p. 726). Toda a tradição é unânime nesta questão. O Credo da Igreja é basicamente um eco do que Paulo escreveu aos Colossenses: “porque por Ele (Cristo) todas as coisas foram criadas, as que estão no céu e as que estão na terra, as visíveis e as invisíveis: Tronos, Dominações, Principados, Poderes, todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele” (Colossenses 1:16). Isto é, Cristo que, como Filho-Verbo eterno e consubstancial com o Pai, é “gerado antes de todas as criaturas” (Col 1,15) está no centro do universo, como a razão e a pedra angular de toda a criação, como já vimos nas catequeses anteriores e como veremos novamente quando falarmos mais diretamente dele.
- A referência ao «primado» de Cristo ajuda-nos a compreender que a verdade sobre a existência e obra dos anjos (bons e maus) não é o conteúdo central da palavra de Deus. Na revelação, Deus fala antes de tudo «para homens (…) e entretém-se com eles, para os convidar e admitir à comunhão consigo mesmo», como lemos na constituição Dei Verbum (Dei Verbum, 2) do Concílio Vaticano II. Portanto, “a verdade profunda (…) tanto de Deus como da salvação dos homens ‘é o conteúdo central da revelação que ‘brilha’ mais plenamente na pessoa de Cristo’”. A verdade sobre os anjos é em certo sentido “colateral”, mas inseparável da revelação central, que é a existência, majestade e glória do Criador que resplandece em toda a criação “visível” e “invisível” e na ação salvífica de Deus na história do homem. Os anjos, portanto, não são criaturas de primeira ordem na realidade da revelação, mas pertencem plenamente a ela, tanto que em alguns momentos os vemos cumprindo tarefas fundamentais em nome do próprio Deus.
- Tudo o que pertence à criação cai, segundo a revelação, no mistério da Providência divina. O Vaticano I afirma isso de forma exemplar e concisa, que já citamos várias vezes: “Tudo o que Deus criou, Deus preserva e dirige com sua providência” estendendo-se com força de uma fronteira a outra e governando tudo com bondade” (cf. Sb 8, 1). «Tudo está nu e descoberto aos seus olhos» (cf. Hb 4, 13), «mesmo o que acontecerá por iniciativa livre das criaturas» (DS3003). A providência, portanto, também abrange o mundo dos espíritos puros, que são seres racionais e livres ainda mais plenamente do que os homens. Na Sagrada Escritura encontramos indicações preciosas a respeito deles. Há também a revelação de um drama misterioso, mas real, que tocou essas criaturas angelicais, sem nada escapar da Sabedoria eterna, que com força (“fortiter”) e ao mesmo tempo com bondade (“suaviter”) traz tudo para cumprimento no reino do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
- Reconhecemos em primeiro lugar que a Providência, como Sabedoria amorosa de Deus, se manifestou precisamente na criação de seres puramente espirituais, através dos quais se expressaria melhor a semelhança de Deus neles, que em muito superam tudo o que é criado no mundo visível junto com o o homem, também imagem indelével de Deus. Deus, que é um Espírito absolutamente perfeito, se reflete sobretudo nos seres espirituais que por natureza, isto é, por sua espiritualidade, estão muito mais próximos dele do que as criaturas materiais, e que quase constituem o “Ambiente” mais próximo do Criador. A Sagrada Escritura oferece um testemunho bastante explícito desta proximidade máxima a Deus dos anjos, de quem fala, em linguagem figurada, como do “trono” de Deus, das suas “hostes”, do seu “céu”.
Audiência Geral – Quarta-feira, 9 de julho de 1986.
6 – SOBRE OS ANJOS NA VIDA DOS SANTOS
Santa Francisca Romana, nascida em 1384 no seio de uma distinta família, era uma alma especialmente favorecida por Deus, desde a juventude. Tal obséquio da Divina Providência se tornou ainda mais notável quando, depois da morte de filho, chamado Evangelista, passa a ter convívio diário com seu “zeloso guardador”.
Certa noite encontrava-se ela a dormir e, quase ao raiar do dia, o quarto foi inundado por uma grande claridade, em meio à qual apareceu o filho Evangelista, falecido havia quase um ano, com uma formosura incomparavelmente maior do que a manifestada nesta Terra. Ao lado de Evangelista estava também outro jovem ainda mais formoso: era o Anjo da Guarda deste.
Passados alguns instantes em que permanecera atônita com a visão, tomada de alegria, pergunta a Evangelista onde estava, o que fazia e se ainda se lembrava de sua mãe. Olhando para o Céu, ele responde: “Nossa ocupação é contemplar o abismo eterno da bondade divina, louvar e bendizer sua majestade com transportes de alegria e amor. Inteiramente absortos em Deus nessa celeste beatitude, não somente não sofremos dor, como não podemos tê-la e gozamos de uma paz que durará sempre. Não queremos, nem podemos querer senão o que sabemos ser agradável a Deus, que é nossa inteira e única beatitude. Saiba que os coros que estão acima de nós nos manifestam os segredos divinos”.
Foi então que disse à sua mãe o lugar onde se encontrava no Céu: o segundo coro da primeira hierarquia, isto é, entre os Arcanjos. Acrescentou também que o outro jovem, mais formoso, estava em grau mais elevado no Céu, razão de seu maior esplendor, e que havia sido designado por Deus para a consolar em sua peregrinação terrena. Permaneceria com ela perpetuamente e, doravante, poderia ter a consolação de vê-lo dia e noite, sem cessar.
7 – PROTESTO AO SANTO ANJO DA GUARDA, EM PREPARAÇÃO PARA UMA BOA MORTE (de São Carlos Borromeu)
“Em nome da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu, infeliz e miserável pecador, protesto em vossa presença, ó Anjo Santo de Deus, que quero absolutamente morrer na Igreja Católica, Apostólica e Romana, em que morreram todos os santos, que até agora existiram, e fora da qual não há salvação. Assisti-me na hora da morte e fazei-me vencer o demônio, inimigo meu e vosso.
Protesto ainda, ó santo Anjo, que estou sob a vossa guarda e proteção: que quero partir desta vida com grande confiança em vosso socorro, e com firme esperança na misericórdia do meu Deus. Desbaratai naquele último momento os inimigos da minha salvação, recebei a minha alma quando ela se separar do meu corpo, e depois da minha morte fazei que me seja propício Jesus Cristo meu Salvador.
Protesto igualmente, ó santíssimo protetor meu, que com o mais vivo afeto desejo participar dos merecimentos de Jesus Cristo Nosso Senhor, e que espero obter a remissão dos meus pecados, por virtude de sua morte e paixão. Detesto quanto cometi de mal em pensamentos, como em obras e como em palavras. A todos os meus inimigos perdoo, e quero morrer no amplexo da santa Cruz, para mostrar que ponho toda a minha esperança na paixão do Salvador.
Protesto outrossim, ó amigo meu fidelíssimo, que me abandono aos vossos cuidados e afetuosa caridade no grande passo da minha morte, e que, embora seja verdade que desejo ir logo para o céu, estou entretanto pronto, para apagar com o sofrimento a enormidade dos meus pecados, estou pronto, digo, para suportar qualquer gênero de castigo que a divina justiça achar bem impor-me, ainda que fossem as mais atrozes penas do Purgatório. Assim, também estou pronto para abandonar os meus parentes, os meus amigos, o meu mesmo corpo e tudo aquilo que tenho de mais caro, a fim de mais depressa poder ir gozar de presença do meu Deus, e de testificar-lhe o quanto me pesa de o haver ofendido.
Protesto finalmente, ó Anjo sapientíssimo e vigilantíssimo guarda de minh’alma, que vos constituo procurador da minha última vontade e executor deste meu ato testamentário. Dizei a Jesus meu Salvador, no momento da minha morte, o que eu talvez já não poderei dizer, e é que creio tudo aquilo que crê a Santa Igreja, que detesto os meus pecados, porque lhe desagradam, que todos os deposito no seu misericordiosíssimo Coração, e que de sua infinita bondade espero perdão para eles: que de boa vontade morro porque assim Ele o quer, e abandono minha alma e minha salvação em suas mãos: que o amo sobre todas as criaturas e por toda a eternidade o quero amar.” Amém.
8 – ORAÇÃO FINAL
ORAÇÃO AO NOSSO ANJO DA GUARDA (de Santo Afonso de Ligório)
“Deus mandou seus anjos vos guardar em todos os vossos caminhos” (SI 9). “Quanto vos devo, ó meu bom anjo, pelas luzes que me haveis comunicado! E eu, nem sempre vos obedeci.
Ah! Continuai a esclarecer-me, repreendei-me quando cair, e não me abandoneis até o derradeiro instante da minha vida. Ai! santo anjo, quantas vêzes vos obriguei, pelos meus pecados, a tapar a face! Perdão vos peço, e suplico-vos intercedais por mim junto do Senhor, porque estou resolvido a não desagradar mais nem a Deus nem a vós pelas minhas faltas.
Agradeço-vos, ó príncipe do paraíso, por me terdes assistido durante tantos anos. Eu vos esqueci, mas vós nunca deixastes de pensar em mim. Ignoro o caminho que me resta ainda a percorrer antes de entrar na eternidade.
Ah! Meu caridoso guarda, guardai-me na estrada do céu, e não cesseis de me auxiliar até que me vejais como companheiro vosso no reino dos escolhidos.” Amém.
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Fontes consultadas
– Livro “A Criação e os Anjos”, Coleção “Conheça a sua Fé”, v.III) – Revista Arautos do Evangelho, Julho/2015, n. 163, p. 22 a 25.
– https://www.arautos.org/secoes/artigos/doutrina/anjos/os-anjos-na-vida-dos-santos-161945.
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