AIS faz balanço da realidade dos cristãos perseguidos em 2015
Porta-voz da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) na Itália, Marta Petrosillo, comenta as atrocidades cometidas pelo EI em 2015
Porta-voz da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) na Itália, Marta Petrosillo, comenta as atrocidades cometidas pelo EI em 2015
Da redação, com Rádio Vaticano
“Rezemos pelos cristãos que são perseguidos, muitas vezes com o silêncio vergonhoso de tantos”. Foi o que escreveu no seu tuite deste domingo, 27, o Papa Francisco. Da África ao Oriente Médio, 2015 também foi um ano em que, infelizmente, em muitas partes do mundo, os cristãos foram vítimas de discriminações e perseguições.
Se os nossos pensamentos se voltam imediatamente para as atrocidades perpetradas pelas milícias do autodenominado Estado Islâmico, o quadro das perseguições anticristãs é muito maior do que normalmente se pensa. É o que sublinha a porta-voz na Itália da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Marta Petrosillo.
“Infelizmente o ano de 2015 confirma a tendência que nós da, Ajuda à Igreja que Sofre, identificamos já há alguns anos, ou seja, o aumento da perseguição contra os cristãos. Precisamente em outubro passado, apresentamos o nosso relatório sobre a perseguição anticristã, intitulado ‘Perseguidos e esquecidos’.”
Extremismo Islâmico
Marta diz ainda que em primeiro lugar, há um aumento na pressão do extremismo islâmico, um aumento que certamente se encontra na África, onde Boko Haram, além da Nigéria, começa a estender a sua ação também aos países vizinhos.
“Passando da África para o Oriente Médio, a ação do autodenominado Estado Islâmico continua a esmagar a comunidade cristã. Houve inúmeros ataques a Igrejas, e Aleppo, que sempre foi um dos redutos do cristianismo na Síria, se esvaziou dramaticamente de cristãos: de 150 mil que eram antes da crise, em 2011, hoje há apenas 50 mil. O Estado Islâmico continua a sua dramática ação também no Iraque, onde os cristãos sofrem discriminação, também a nível político.”
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Já na Ásia, Marta afirma que não pode deixar de citar o Paquistão e fazer um aceno à Indonésia, que vive uma situação pouco conhecida. “Também ali os cristãos sofrem, especialmente na província de Aceh, onde impera a sharia e onde em outubro do ano passado, foram atacadas várias igrejas. Não é só o fundamentalismo islâmico a atacar os cristãos, mas também, por exemplo, o hindu. Na Índia, temos visto um aumento dos ataques contra os cristãos. Em particular, está se espalhando uma prática com a tentativa dos fundamentalistas hindus de converterem ao hinduísmo cristãos e muçulmanos.”
Êxodo cristão
Sempre mais cristãos de diferentes áreas do mundo passam por sofrimentos e são obrigadas a deixar tudo. Com relação a isso, Marta comenta que o aumento do êxodo cristão, particularmente do Oriente Médio, está atingindo proporções dramáticas, tanto que há comunidades em risco.
“Por exemplo, o Iraque corre o risco de se esvaziar de sua comunidade cristã. Também da Síria há relatos, por exemplo, de ônibus, que duas ou três vezes por semana partem dos principais bairros de Damasco para levar os jovens cristãos à Europa, porque na Síria já não há qualquer perspectiva.
Refugiados
Mas, acrescenta a porta-voz da AIS, também da Itália há a confirmação de associações que trabalham com refugiados, que nos últimos anos houve um aumento de 30% dos refugiados cristãos que chegam à costa e, por exemplo, muitos casos de cristãos nigerianos.
“Uma bela história é a dos gêmeos que desembarcaram nos meses passados, e que serão batizados neste mesmo mês no Salento.”
Apesar de todo esse sofrimento, há também países que registraram em 2015 melhorias na situação dos cristãos. Marta diz que há exemplos de melhoramentos, no que diz respeito também ao diálogo inter-religioso.
“Penso na República Centro-Africana, que se beneficiou muito com a recente visita do Papa Francisco, que realmente deu um novo impulso à distensão do diálogo inter-religioso. A comunidade muçulmana local apreciou muito a atenção do Papa Francisco aos fiéis muçulmanos, e do país nos chega um testemunho da igreja local da convicção de que esta visita possa marcar um novo início e uma distensão nas relações inter-religiosas.”
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