Bendita Leitura: Em busca de sentido
por Por Ana Paula Gomes“Se percebemos que a vida realmente tem um sentido, percebemos também que somos úteis uns aos outros. Ser um ser humano, é trabalhar por algo além de si mesmo”. 27 agosto 2019 Uma das maiores dificuldades enfrentadas nos tempos atuais é a falta de sentido de vida. Por inúmeras razões, desde enfermidades psíquicas, traumas e […]
“Se percebemos que a vida realmente tem um sentido, percebemos também que somos úteis uns aos outros. Ser um ser humano, é trabalhar por algo além de si mesmo”.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas nos tempos atuais é a falta de sentido de vida. Por inúmeras razões, desde enfermidades psíquicas, traumas e até a forma como foram educadas, não são poucas as pessoas que sofrem destes males modernos, que parecem caminhar em sentido oposto à evolução do conhecimento: quanto mais informações e conteúdos circulam por aí nos meios de comunicação, principalmente a internet, a impressão é de que menos se consegue preencher o vazio interior.
Neste compasso, a dica de leitura de hoje não é uma proposta de “pare de sofrer” ou um antídoto imediato que vai sanar todos os males da vida, porém, é um livro que certamente faz o leitor parar e pensar no rumo da própria história. Trata-se do livro “Em busca de sentido”, escrito em 1945 pelo psiquiatra Viktor Frankl.
No período da Segunda Guerra Mundial, Viktor era um austríaco de origem judia, recém-casado e que foi preso, juntamente com sua esposa, pais e outros familiares no campo de concentração de Theresienstadt no outono de 1942. Em 1944, foi transferido para Auschwitz, tendo sobrevivido até então por causa de seus conhecimentos médicos, úteis tanto para nazistas, quanto para os seus compatriotas judeus que sofriam constantemente das mais variadas enfermidades, devido às condições sanitárias e laborais de suas prisões.
Ao ser libertado pelo exército americano em abril de 1945, Frankl regressa para Viena e descobre que nem sua esposa ou seus pais conseguiram sobreviver aos campos de concentração.
O livro conta, em detalhes, como Frankl viveu este período terrível de sua história, através de um exercício que fazia diariamente diante dos horrores pelos quais estava passando: não importam as condições extremas às quais o ser humano é submetido, ainda assim, há um sentido para a sua existência. Isto o livrou da loucura, do desânimo e do desespero, conseguindo manter sua saúde mental durante a Via Crucis pela qual teve que passar.
Foi assim que Frankl desenvolveu a Logoterapia, um método de abordagem psicoterapêutica que se baseia no sentido da vida. Tal escola vem auxiliando, desde então, um número incontável de pessoas ao redor do mundo a superar suas crises existenciais, dificuldades de relacionamento e outros conflitos emocionais e psíquicos.
Frankl faleceu em 2007, aos 92 anos muito bem vividos, cheios de sentido e transcendência e com uma das mais belas lições tiradas do meio de uma das situações mais extremas já vividas pela humanidade. É dele o seguinte pensamento: “Se percebemos que a vida realmente tem um sentido, percebemos também que somos úteis uns aos outros. Ser um ser humano, é trabalhar por algo além de si mesmo”.
O autor deixou ainda uma obra literária de cerca de 40 títulos traduzidos em cerca de 40 idiomas.
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