17/08/2021

Mês das vocações

por Pe. Ricardo de Albuquerque, CMF

Vocação e discernimento vocacional são temas de muita relevância para a Igreja Católica. Sobre vocação entende-se o chamado que Deus faz a cada homem e a cada mulher. Esse chamado exige, da pessoa humana, uma resposta livre e um coração generoso, capaz de assumir os compromissos de ser “sal da terra e luz do mundo”. […]

Vocação e discernimento vocacional são temas de muita relevância para a Igreja Católica. Sobre vocação entende-se o chamado que Deus faz a cada homem e a cada mulher. Esse chamado exige, da pessoa humana, uma resposta livre e um coração generoso, capaz de assumir os compromissos de ser “sal da terra e luz do mundo”. Já o discernimento vocacional diz respeito ao processo pelo qual a pessoa reconhece sua vocação na Igreja. Segundo Papa Francisco: “a nossa vida e a nossa presença no mundo são frutos de uma vocação divina”, para a qual é preciso um processo de discernimento. “O Senhor continua nos chamando a segui-lo”.

Por se tratar de um tema de extrema importância para a Igreja, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em sua XIX Assembleia Geral, que aconteceu de 17 a 26 de fevereiro de 1981, em Itaici, SP, e que teve como tema “Vocações, Vida e Ministério do Padre”, instituiu o mês de agosto como o Mês Vocacional, com o objetivo de ser um tempo dedicado totalmente às vocações e para conscientizar as comunidades acerca da responsabilidade que compartilham no processo vocacional. A partir de então, em cada domingo do mês de agosto, passou-se a celebrar uma determinada vocação.

Quais são as vocações que a Igreja destaca neste mês? E por quê?

É preciso assumir a própria vocação. Neste sentido o Papa Francisco destacou que: “A vocação realiza-se hoje! A missão cristã é para o momento presente! Cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimônio, à vida sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de especial consagração – a ser testemunha do Senhor, aqui e agora”.

A Igreja, como comunidade de fé, assume um compromisso permanente com Jesus Cristo. A forma como a pessoa assume esse compromisso vai definindo a sua vocação. Na Igreja, onde todos são chamados à santidade, há uma diversidade de vocações, carismas e ministérios suscitados pelo Espírito Santo para o bem das comunidades.

Ao destacar uma vocação, a cada domingo do mês de agosto, a igreja no Brasil quer conscientizar para a importância da oração pelas vocações e ministérios suscitados na Igreja pelo Espírito Santo.

O primeiro domingo de agosto é dedicado aos Ministérios Ordenados

No dia 4 de agosto celebramos a festa de São João Maria Vianney, considerado o patrono dos padres. Por isso, rezamos, no primeiro domingo de agosto, pelas vocações sacerdotais e pelos ministérios ordenados. A missão dos ministros ordenados – diáconos, padres e bispos – é servir a comunidade, a exemplo de Jesus Bom Pastor. Eles são sinais do Cristo servidor.

Os ministros ordenados exercem um importante papel na Igreja, pois através do sacramento da Ordem dão continuidade a missão confiada por Cristo a seus Apóstolos, cada qual a seu modo compõe a unicidade do sacerdócio de Cristo. Por essa razão, o que deve nortear a vida do ministro ordenado é o amor profundo por Jesus, Palavra encarnada, Palavra que se faz pão na Eucaristia para a vida do mundo.

O segundo domingo de agosto é dedicado à vocação matrimonial ou familiar e também se celebra o dia dos pais

A Igreja reconhece também a importância de rezar pela vocação familiar e pelos pais. A família é uma instituição querida e abençoada por Deus. A família é um dom de Deus. É na família que se dá a transmissão contínua da fé. Na família fomenta-se a vivência dos valores cristãos e ela é a base para todo o ser humano. Neste sentido a vocação paterna é essencial e bela. A figura paterna é, na formação dos filhos, insubstituível.

Como igreja, precisamos rezar continuamente pelas nossas famílias. E é por isso que o segundo domingo de agosto também marca o início da Semana da Família. A missão dos pais é fazer do seu lar um ambiente que vive o caminho do amor e da fé autêntica e fervorosa em Cristo.

O terceiro domingo de agosto é dedicado à vocação à vida religiosa consagrada

Inspirada pelo dia da Assunção de Nossa Senhora aos céus, em 15 de agosto, a igreja no Brasil dedica o terceiro domingo de agosto à oração e reflexão sobre a Vida Religiosa Consagrada.

Neste terceiro domingo de agosto, somos convidados a rezar pelos religiosos e religiosas, por todos aqueles nossos irmãos e irmãs na fé que tem por vocação específica ser sinais do reino futuro através da vivência dos votos de obediência, castidade e pobreza.

Os religiosos ou consagrados são homens e mulheres que buscam, em diferentes carismas e atuações, viver de forma radical o seguimento de Jesus e ser testemunhas vivas da alegria do Evangelho. Os chamados à vida consagrada obedecem às regras e constituições dos seus respectivos institutos, comunidades de vida apostólica ou contemplativa e, também, das novas comunidades.

O quarto domingo de agosto é dedicado à vocação laical

“Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Esta missão do anúncio é assumida com amor e generosidade por muitos leigos e leigas em nossas comunidades.

No quarto domingo de agosto nossas preces são por todos os leigos e leigas que participam ativamente na Igreja, comunidade de fé. Os leigos assumem os vários ministérios que dão vida e identidade de fé às comunidades cristãs, através do amor serviçal e do testemunho de vida nas diversas realidades onde estão inseridos.

Os cristãos leigos e leigas são vocacionados incansáveis que contribuem para a caminhada e o crescimento da comunidade. Eles são chamados a inserir no mundo a mensagem do Evangelho, trabalhando para a construção da “civilização do amor”.

O quinto domingo de agosto é dedicado à vocação do catequista

Quando o mês de agosto tem cinco domingos, a Igreja celebra, no quinto, o ministério dos catequistas. Os catequistas são homens e mulheres que com dedicação e empenho aprendem e transmitem os caminhos de cristo. Eles fazem, com sua vida e testemunho, ecoar a mensagem redentora do Evangelho.

Através do Motu proprio “Antiquum ministerium“, publicado no dia 11 de maio de 2021, o Papa Francisco instituiu o ministério de catequista. O Papa Francisco afirmou que, diante da imposição de uma cultura globalizada e dos desafios da evangelização no mundo contemporâneo “é necessário reconhecer a presença de leigos e leigas que, em virtude de seu Batismo, se sentem chamados a colaborar no serviço da catequese”.

A missão dos catequistas é levar os catequizandos à comunhão com Jesus Cristo: só Ele pode conduzir ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade. Eles oferecem seu tempo para anunciar aos jovens, crianças e adultos, a beleza de um Deus que é amor, misericórdia e compaixão.

Como vimos, o mês de agosto é muito especial. Durante este mês destaca-se a importância de todas as vocações na Igreja. Por isso, é importante ressaltar que não há, na Igreja, uma vocação que seja mais importante que as outras. Na diversidade dos carismas e ministérios, somos todos chamados à formação e ao desenvolvimento da vida em comunidade. Devemos compreender que, independente da vocação a que fomos chamados, todo cristão é vocacionado à santidade. Como bem destacou o Papa Francisco: “Ser santo é uma vocação para todos”. O nosso batismo já nos coloca nesta dinâmica da busca pela santidade de vida.

Peçamos, insistentemente, ao Senhor da messe que continue enviando operários para a sua messe. Rezemos pelas vocações!

Pe. Ricardo de Albuquerque, CMF
Missionário Claretiano, secretário da Pastoral Juvenil Vocacional da Província Claretiana do Brasil

 

 

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