12/11/2015

Papa: devemos encontrar meios para recuperar o convívio familiar

por Boa Semente

O convívio familiar foi o tema da Audiência Geral desta quarta-feira (11/11) do Papa Francisco. Cerca de 20 mil fiéis e peregrinos compareceram na Praça S. Pedro, entre eles os participantes do III encontro dos missionários brasileiros na Europa. O convívio, a partilha dos bens da vida, explicou Francisco, é uma característica das relações familiares. A […]

O convívio familiar foi o tema da Audiência Geral desta quarta-feira (11/11) do Papa Francisco. Cerca de 20 mil fiéis e peregrinos compareceram na Praça S. Pedro, entre eles os participantes do III encontro dos missionários brasileiros na Europa.

O convívio, a partilha dos bens da vida, explicou Francisco, é uma característica das relações familiares. A família reunida ao redor da mesa é um símbolo, um ícone, desta experiência fundamental. “Uma família que quase nunca faz junta as refeições, ou que à mesa não fala, mas assiste à televisão, ou olha o celular, é uma família ‘pouco família’. “Significa que há algum problema.” “É o silêncio do egoísmo”, disse.

Neste sentido, recordou o Pontífice, o Cristianismo possui uma vocação especial a esta índole convivial. Jesus, além ensinar quando se encontrava à mesa, também usava esta imagem para falar do Reino de Deus; aliás, foi na mesa da última Ceia que Ele nos deixou a Eucaristia como testamento do seu Sacrifício na Cruz.

Nos dias de hoje, em que vemos as famílias sempre menos reunidas, advertiu o Papa, a passagem da mesa da família à mesa da Eucaristia é ainda mais importante. Na Missa, o Senhor oferece o seu Corpo e Sangue para todos, fazendo que a própria experiência do convívio familiar se abra a uma experiência de uma convivência universal: assim a família cristã mostra o seu verdadeiro horizonte, que é o da Igreja, Mãe de todos os homens, onde não existem excluídos nem abandonados.

Até ontem, recordou, bastava uma única mãe para cuidar das crianças no pátio, porque os filhos eram considerados um bem de toda a comunidade.

Hoje, acrescentou o Pontífice, muitos contextos sociais põem obstáculos ao convívio familiar. “Devemos encontrar o modo para recuperá-lo”, pois “parece que se tornou uma coisa que se compra e vende”, disse o Papa.

Todavia, notou o Papa, o nutrimento nem sempre é o símbolo de uma justa compartilha dos bens, capaz de alcançar quem não tem nem pão nem afetos. E advertiu para a opulência dos países ricos diante dos demasiados irmãos e irmãs que permanecem fora da mesa. “É uma vergonha”, reiterou o Papa.

“Rezemos para que este convívio familiar possa crescer e amadurecer no tempo de graça do próximo Jubileu da Misericórdia”, concluiu Francisco.

Ao saudar os numerosos grupos de peregrinos na Praça, o Papa mencionou os fiéis brasileiros de Aracaju, Divinópolis, Pernambuco e São Paulo.

Bósnia-Herzogóvina

Antes da Audiência Geral, o Papa recebeu o Presidente da Bósnia-Herzegovina, Dragan Čović, com uma delegação de 40 pessoas.

No encontro, Francisco recordou a viagem que fez a Sarajevo, em junho passado. “Ainda guardo no meu coração tantas coisas grandes e belas que aprendi com vocês: a capacidade de sofrimento, a capacidade de perdão, ou pelo menos de buscar o perdão, a capacidade de unir-nos e trabalhar juntos, a capacidade de diálogo. Obrigado pelos exemplos que dão à humanidade.”

Ao cumprimentar a delegação do Presidente, o Pontífice estendeu sua saudação a toda a população do país, de modo especial os jovens.

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