Frei Patrício: Maria, centro de unidade de comunhão
por Frei Patrício SciadiniDepois da Ressurreição, quem é a pessoa central na comunidade cristã como ponto de comunhão, de união e de oração? A Virgem Maria. É ela que reúne os discípulos medrosos e os convida a rezar, a não fugir e a esperar a vinda do Espírito Santo. Maria é mestra de santidade e, com sua ternura […]
Depois da Ressurreição, quem é a pessoa central na comunidade cristã como ponto de comunhão, de união e de oração? A Virgem Maria. É ela que reúne os discípulos medrosos e os convida a rezar, a não fugir e a esperar a vinda do Espírito Santo. Maria é mestra de santidade e, com sua ternura materna, nos convida a nunca deixar o desânimo estar em nosso meio.
Um mês dedicado a Maria
O mês de maio é todo dedicado a Maria como peregrina na fé, como aquela que sabe dizer um sim incondicionado à vontade de Deus, aquela que se coloca a caminho para ajudar a sua prima Isabel. Maria está sempre presente para nos esconder debaixo do seu manto dos ataques do mal. Como porta do céu, tem também a chave para nos fazer entrar nele, que é rezar por nós agora e na hora da nossa morte. É difícil para nós brasileiros não ter um amor especial por Nossa Senhora, porque toda a nossa história eclesial e humana nasce à sombra da presença de Maria, protetora do nosso Brasil.
Recordo um dia nas minhas andanças pelo Brasil, na terra de Minas Gerais, fui visitar uma pessoa enferma e depois alguém me disse “na porta ao lado, tem um homem idoso, doente, mas é protestante. Quer visitá-lo?” É claro que fui, porque estou convencido de que no paraíso não tem um lugar reservado para os católicos, outro para os protestantes, e um outro para outras religiões. Estaremos lá em perfeita harmonia e comunhão, pois todos os homens e mulheres de boa vontade estarão sempre juntos.
Nessa visita, depois de conversar um pouco com ele, fiz o gesto de ir embora, e ele me disse: “Frei, eu sou protestante, mas será que o senhor poderia rezar por mim uma Ave-Maria e pedir a Nossa Senhora Aparecida que me dê saúde? Eu não posso nunca esquecer Nossa Senhora, mesmo sabendo que não devo crer nela.” Eu, então, rezei com ele e dei-lhe a bênção. Pedi ao Senhor que tivesse piedade dele e que o protegesse. Soube depois que tinha recuperado a saúde. A virgem Maria nunca nos abandona.
Depois da Ressurreição, quem é a pessoa central na comunidade cristã como ponto de comunhão, de união e de oração? A Virgem Maria. É ela que reúne os discípulos medrosos e os convida a rezar, a não fugir e a esperar a vinda do Espírito Santo. Maria é mestra de santidade e, com sua ternura materna, nos convida a nunca deixar o desânimo estar em nosso meio.
Qual é a medida da santidade?
“O desígnio do Pai é Cristo, e nós Nele. Em última análise, é Cristo que ama em nós, porque a santidade ‘mais não é do que a caridade plenamente vivida’. Por conseguinte, ‘a medida da santidade é dada pela estatura que Cristo alcança em nós, desde quando, com a força do Espírito Santo, modelamos toda a nossa vida sobre a Sua’. Assim, cada santo é uma mensagem que o Espírito Santo extrai da riqueza de Jesus Cristo e dá ao seu povo.” (Gaudete et Exsultate, 21)
Diz um ditado que, nos vasos pequeninos, se conserva o melhor perfume. Às vezes, pensamos que um livro de muitíssimas páginas é melhor e mais importante que um livro pequenino. No entanto, ao tomarmos os Evangelhos separados, cada um não supera cinquenta páginas, com um conteúdo que nunca terminaremos de conhecer e de viver.
Este número 21 é importante, porque nos diz qual deve ser a medida da nossa santidade: “a medida de Cristo Jesus”. Toda a nossa vida deve ser vivida à luz da Palavra do Evangelho, de forma a mais nos cristificarmos e mais sermos semelhante a Jesus de Nazaré, Palavra feita carne. Desse modo, tudo o que Ele tem feito nós também, na proporção da nossa fé, podemos fazê-lo. “Vocês farão obras maiores do que eu faço”. Depende apenas do amor que temos no coração. Façamos do Evangelho o livro da pedagogia da nossa santidade. Que palavra por palavra seja fermento para a nossa vida nova.
Onda os apóstolos passam tem alegria
A conversão não é problema de cabeça e de ideia, mas de amor, de coração. É atração. Vendo a vida dos verdadeiros cristãos, os que não são cristãos se convertem e vivem com amor a Palavra de Deus. Quem crê na Palavra do Senhor vê dentro de si e ao seu redor muitos milagres, curas físicas e espirituais, mudança da maneira de pensar e de agir. Não devemos buscar os grandes milagres, mas os milagres “microscópicos”, frutos da força do Espírito Santo, que desce em nós.
É bonito o gesto dos Apóstolos que impõem as mãos, invocando a plenitude dos dons do Senhor sobre os que creem. Hoje em dia, se crê pouco no Espírito Santo, cremos no que vemos, mas não no que não vemos. É tempo de voltarmos a crer no Espírito Santo que fecunda a vida, que ilumina a nossa missão, que dá força para sermos fiéis. Onde há um cristão, há alegria, paz, justiça, o próprio Espírito Santo.
O Salmo 66 é um convite a cantar as misericórdias do Senhor, que sempre cuida de nós. Devemos, pois, louvá-Lo não somente por nós, mas por toda a humanidade, mesmo por aqueles que não conhecem a Deus. Há no coração de todos sementes do bem que ficam na espera da chuva do Espírito Santo para germinar e produzir frutos.
Adoremos Jesus nos nosso corações
No tempo pascal, a primeira Carta do apóstolo Pedro é o centro da nossa atenção. Ele tinha feito a experiência pessoal da misericórdia de Jesus e da Sua divindade e humanidade. Tinha vivido com Jesus, que, embora houvesse a fragilidade de Pedro, o escolheu como chefe da nova comunidade, da Igreja.
Pedro nos convida a adorar Jesus nos nossos corações: “Santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo, e estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir.”
Cada um de nós deve dar razão da sua fé com a Palavra e com a vida; e a melhor maneira para dar razão não é discutir, mas crer e viver.
Se me amais
O coração do Evangelho de João, os pulmões de todo o ensinamento de Jesus é, sem dúvida, o capítulo 15. Nele, respiram-se o amor, a docilidade, o dom do Espírito Santo. Entrar neste capítulo e vivê-lo é fazer desde já a experiência do paraíso aqui e agora.
Não quero comentar o texto do Evangelho, porque é o próprio Jesus que o comenta com a sua Palavra e com a Sua vida: “Se me amais, observais meus mandamentos”. O amor à Palavra não serve. É preciso traduzi-lo em atos e isto só é possível com a força do Espírito Santo.
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