08/01/2020

Encontrar o tempo para a adoração

por Sergio Centofanti - Cidade do Vaticano

Em destaque, a atividade do Papa e da Santa Sé. Francisco pronunciou a primeira homilia do ano na Casa Santa Marta. Recordamos também o Angelus e a Missa na Solenidade da Epifania e as palavras por ocasião da oração mariana de domingo, 5 de janeiro Na terça-feira, 7 de janeiro, as Igrejas orientais católicas e […]

Em destaque, a atividade do Papa e da Santa Sé. Francisco pronunciou a primeira homilia do ano na Casa Santa Marta. Recordamos também o Angelus e a Missa na Solenidade da Epifania e as palavras por ocasião da oração mariana de domingo, 5 de janeiro

Na terça-feira, 7 de janeiro, as Igrejas orientais católicas e as Igrejas ortodoxas que seguem o calendário juliano celebram o Natal. Elas receberam, de coração, as felicitações do Papa Francisco. A unidade dos cristãos é um dom de Deus, mas, como todos os dons, nossa tarefa é acolhê-los, mesmo na dureza dos nossos corações, que continuam vendo mais as coisas que dividem do que as que nos unem (mesmo entre nós católicos).

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Somos duros de coração, mas o verdadeiro risco é o de não nos darmos mais conta disso.  O Papa falou a esse respeito na primeira homilia do ano na Casa Santa Marta. O perigo para nós cristãos é a inconsciência de viver a fé com o espírito do mundo e não com o Espírito de Deus. Cristãos de nome, pagãos de fato. É cair na corrupção, que é pior do que o pecado:

“O pecado não o distancia de Deus se você se dá conta e pede perdão, mas o espírito do mundo o faz esquecer o que é o pecado” e o faz crer que se pode fazer tudo. Ao invés, “o Espírito Santo o conduz a Deus e se você peca o Espírito Santo o protege e ajuda-o a levantar-se, mas o espírito do mundo leva-o à corrupção, a tal ponto que você não sabe distinguir o que é bom e o que é mau: é tudo a mesma coisa, tudo é igual.”

Por isso, o Papa convida a encontrar tempo ao longo do dia para o exame de consciência: para entender o que se move em nosso coração, pedindo a graça de compreender se nos move o Espírito de Deus ou o espírito do mundo.

Devemos saber dar nosso tempo a Deus. Nosso cotidiano é regularmente frenético, mas é necessário encontrar tempo para a adoração. O Papa, na Missa da Epifania, recorda que podemos fazer duas escolhas: a de Herodes e a dos Magos.

O ser humano, como Herodes, quando não adora a Deus, adora a si mesmo. Pode acontecer também na vida cristã, quando se torna uma forma educada de se louvar a si mesmo e à própria habilidade, ou se serve de Deus, em vez de servir a Deus.

O Magos deixam a sua terra, saem de si mesmos para encontrar e adorar a Deus: “A fé não se reduz a um belo conjunto de doutrinas, mas é a relação com uma Pessoa viva, que devemos amar”, disse o Papa.

Adorar a Deus, então, se torna um “redescobrir-nos irmãos e irmãs diante do mistério do amor que supera toda distância”. A fé cristã não aumenta as distâncias, as diminui, até eliminá-las, como fez Deus que desceu do céu para fazer-se próximo de nós.

Mas nós encontramos o tempo para estar próximos d’Ele? Costumamos rezar sem adorar, sempre centralizados em nós mesmos, distantes de Deus. É tempo de adorar: é a oração que nos aproxima de Deus porque O coloca no centro do nosso coração.

Quem está com Jesus não é mais o mesmo: o encontro com Ele muda. O Papa, no Angelus da Epifania reiterou isso, “não somos mais aqueles de antes”: “Toda experiência de encontro com Jesus nos induz a empreender caminhos diferentes, porque d’Ele provém uma força boa que cura o coração e nos separa do mal”, nos liberta da maldade.

A palavra “mau” nos recorda quem está por trás: “captivus diaboli”, “prisioneiro do diabo”. O combate da fé é deixar-se libertar das suas seduções. Francisco recorda mais uma vez os verdadeiros ídolos, aqueles que aprisionam o coração: o deus dinheiro, o deus prazer, o deus sucesso, o nosso eu erigido a deus. Se olharmos para dentro de nós com sinceridade, veremos como é difícil simplesmente querer ser libertados dos ídolos que ocupam nossa alma.

A verdadeira liberdade é amar. No Angelus de domingo, 5 de janeiro, o Papa recorda o projeto de Deus para nós: tornar-nos seus filhos em Jesus, santos no amor. Um projeto de alegria infinita. Não é uma fábula, diz Francisco, é a verdade sobre o sentido da vida: “O Evangelho de Cristo não é um mito, uma narração edificante. O Evangelho de Cristo é a revelação plena do desígnio de Deus sobre o homem”.

É uma mensagem “simples e grandiosa” que somos chamados a anunciar, apesar da nossa fraqueza: ao menos utilizando o estilo de Deus e não o nosso, a misericórdia e não o espírito de acusação e de condenação.

Por fim, o grito de paz do Papa diante das terríveis tensões internacionais dos últimos dias: “A guerra traz somente morte e destruição”, disse. Os poderosos da terra têm uma grande responsabilidade diante de Deus e da humanidade.

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