Igreja doméstica: família – Luís e Zélia
por Tatiane Nogueira LealEnsinaram assim a pequena via. Seus projetos sempre foram o que Deus quisera pra eles; trabalharam com zelo, testemunharam na educação dos filhos, no cuidado com a casa, um com o outro e no serviço e caridade aos necessitados que Deus lhes trouxera.
A Igreja se encontra às vésperas de celebrar o matrimônio de Luís e Zélia, o que se faz memória no dia 12 de julho de 2018. Precisamente nessa data se recorda que há 160 anos eles se uniram em matrimônio. “Mas que importância tem isso?”, você deve se perguntar. É importante ressaltar essa data pelo que esse casal representa, pois são de grande importância pelo testemunho que carregam.
Quando jovens, ambos tinham ideais cristãos que os faziam desejar a santidade, e o entendimento da época era que a melhor maneira de alcançar este ideal seria a vida religiosa. Porém, eles não foram confirmados pelas Congregações as quais buscaram se inserir. Seguiram, portanto, suas vidas, trabalhando e buscando suas metas desde sempre estabelecidas. Até que se encontram numa ponte em Alenco, onde pela primeira vez se viram.
Zélia conhecia a mãe de Luís, esta os apresenta, e, depois de três meses, eles se casam. Ainda com a ideia de manter o celibato mesmo dentro do matrimônio, mantêm aquela mentalidade da época do ideal de santidade igualado ao celibato. Aconselhados pelo diretor espiritual, são então orientados a viver a beleza profunda e fecunda do amor conjugal consumando, de fato, seu matrimônio. A partir daí, teriam ao longo da vida nove filhos, dois meninos e sete meninas, dos quais morrem três ainda bebês e um maiorzinho.
As cinco meninas que restaram tornaram-se religiosas, sendo a mais conhecida delas Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. O que de mais extraordinário teve esse casal, além do fato de viver a bênção da Palavra, que diz “crescei e multiplicai-vos”, foi o fato de eles, Luís e Zélia, terem uma profunda amizade na base de seu relacionamento. Queriam a felicidade um do outro já aqui na Terra, mas tinham como meta primeira a felicidade sem fim no céu. Para o céu educaram seus filhos, e nisso está a sua especial missão: o exercício da Palavra de Deus no cotidiano, encarnar o Verbo divino nas coisas simples.
Ensinaram assim a pequena via. Seus projetos sempre foram o que Deus quisera pra eles; trabalharam com zelo, testemunharam na educação dos filhos, no cuidado com a casa, um com o outro e no serviço e caridade aos necessitados que Deus lhes trouxera. São eles, assim, um anúncio vivo! Uma família especial, onde se aprende que trabalhar muito é necessário e se percebe o valor maravilhoso da vida no cuidado da família. Ao mesmo tempo, percebendo a finitude do que passa, a inserção na realidade, para transformá-la. A espiritualidade familiar marcada pelo cuidado e pelo carinho, pela verdade, pelo Senhorio de Jesus, pelo Amor à Igreja e prática da coerência cristã, é o que se pode experimentar ao observar a arte de educar acontecendo nessa família que foi a representação da verdadeira Igreja Doméstica. “O casal Zélia e Luís Martin, verificados no dia 19 de outubro de 2008, em Lisieux, é uma resposta ao imediatismo e efemeridade dos relacionamentos atuais” (Patrício Sciadini).
Tatiane Nogueira Leal
Consagrada na dimensão de Aliança da Comunidade Mariana Boa Semente
Missão Quixeramobim (Sede)
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