A aventura está inserida na essência do ser masculino
por Sandro Arquejada Missionário da Comunidade Canção NovaA vida do homem precisa ser uma aventura Para se conhecer, uma mulher olha para dentro de si e encontra todo um universo. Ela lê seu próprio coração para entender o mundo. A constituição física, psíquica e espiritual do ser feminino estão voltados para gerar e manter a vida; então, fatores como segurança, aconchego e […]
A vida do homem precisa ser uma aventura
Para se conhecer, uma mulher olha para dentro de si e encontra todo um universo. Ela lê seu próprio coração para entender o mundo. A constituição física, psíquica e espiritual do ser feminino estão voltados para gerar e manter a vida; então, fatores como segurança, aconchego e cooperação são prioridades para elas. E todas essas características a mulher manifesta trazendo para perto, para os braços e para o coração, para seu mundo interior. Um homem, não! A consciência masculinaacontece quando o homem olha para dentro de si e intui o que tem e possui; então, vai testar, experimentar se aquilo é verdadeiro fora dele, vai buscar a autenticação de seu conteúdo no mundo exterior. A aventura, para um homem, ajuda-o a compreender o que está dentro dele, seus anseios e o sentido de sua vida; assim, ele adquire sabedoria e percepção do mundo.
Gosto de pensar que o Altíssimo colocou o primeiro homem num jardim, exatamente para ele observar os ciclos, as estações, os estágios e os comportamentos das criaturas; entender que, na natureza, tudo tem seu tempo e sua dinâmica; e, assim, aplicar isso para si mesmo. Foi após um tempo, ali no Éden, que o homem compreendeu a si mesmo e detectou que algo lhe faltava.
Realizar algo inédito
A aventura masculina não deve ser entendida só como um “programa radical”. Um empreendimento, um novo projeto de vida ou o aprendizado de alguma coisa também entram no conceito de aventura, a qual significa “o que vem pela frente”. Faz bem para o homem realizar algo inédito em sua vida. Quantos pais e avós, quando se aposentam, ficam inquietos, imaginando a possibilidade de abrir um negócio próprio ou inventando o que fazer em casa? Essa é uma marca que o homem traz, mas que, talvez, não seja compreendido pela esposa e pelos filhos.
No princípio, o Senhor disse a Adão: “Tirarás (do solo) o alimento todos os dias de tua vida. Comerás o pão com o suor do teu rosto” (Gn 3, 17.19). Isso nos faz entender que o homem é inclinado a lidar com os elementos do cosmos, transformá-lo para sustento ou convertê-los em benefícios de todos. E para isso ele precisa aventurar-se, precisa ter uma experiência pessoal com as leis da Física, como aprender a equilibrar-se no alto de uma árvore ou na prática de slackline. Assim, um homem aprende a ter sobriedade nas várias dimensões de sua existência, a dosar sua força com seu ímpeto.
Ainda que um pai desempenhe seu trabalho numa área intelectual, é altamente recomendável que seu filho o veja realizando tarefas operacionais como plantar uma horta, fazer pequenas reformas em casa, construir um brinquedo rústico para os pequenos ou, com responsabilidade, envolver o menino, deixá-lo sentir o peso de uma ferramenta e ensiná-lo a manuseá-la, pois isso dará uma iniciação ao rebento. Para o jovem, essa habilidade compreendida em coisas simples e braçais lhe dará, quando adulto, coragem e autoestima, mesmo que seja algo desconhecido, porque nele permanecerá a experiência de se reconhecer capaz. Sem aventura ficamos receosos, com medo do mundo e, consequentemente, fracos.
Feminismo
Em nossa sociedade ocidental, o feminismo tomou grandes proporções, nossa cultura foi fortemente influenciada por conceitos feministas. As relações entre pessoas, o sistema educacional, a forma de vermos o mundo e compreendermos a nós mesmos está impregnada de um jeito feminino de dar ritmo às dinâmicas da vida.
Gentilezas, sensibilidades, cuidados e vaidades – traços mais característicos nas mulheres – influenciam a maneira como todos nós pensamos. Isso tem um lado bom, sem dúvida, mas da maneira como tem sido feita, acabará prejudicando toda a humanidade. Em entrevista à Revista Veja, a escritora e fervorosa dissidente do feminismo Camille Paglia diz que “a prevalência dos valores femininos nas casas, nas escolas e nos governos ‘apagou’ a masculinidade” e “isso não é necessariamente bom”. (Revista Veja, ed. nº2363, 5/3/2014).
A falta da figura masculina
O homem vem perdendo a referência de sua missão e nossos jovens estão sofrendo de ansiedade e medo da vida. Até as histórias dos desenhos animados de hoje passam dentro de casa, com os personagens ensinando gentilezas; sem dúvida, isso é necessário, mas o maior desafio dessas crianças está sendo, por exemplo, “contar aos pais que quebraram um vaso”. Pergunto: qual o registro de vida que essas crianças terão?
Num lar em que a mãe é dominante, ou seja, que toma todas as iniciativas e decisões, a maior referência que as crianças terão de como lidar com o mundo será dela, que é imbuída de preocupações com segurança e proteção; então, as crianças não se aventurarão, não se lançarão na vida. Fica claro que hoje está faltando o parâmetro masculino.
Não se trata de sermos aventureiros. Podemos até passar por esse estágio, mas um homem cresce e amadurece quando aprende a equilibrar esse instinto pisando no terreno mais sólido possível, investindo os dons e as habilidades para algo maior que beneficiará outros, desbravando o desconhecido e encontrando onde gastar a vida por uma causa e por um amor. A vida do homem precisa ser uma aventura.
0 Comentários