Deus é grande! Deus é bom! Deus é Misericórdia! Em 1994 após participar de um encontro promovido pela Renovação Carismática Católica, em Fortaleza – CE, denominado “Queremos Deus”, senti-me acolhido e lavado pela Misericórdia Divina, pois, por ignorância na fé e falta de discernimento, havia me envolvido com uma empresa que me levava a endeusar o dinheiro e o poder, uma das muitas iniciativas do movimento Nova Era. Naquela tarde de janeiro, conheci um novo jeito de ser Igreja com alegria, fervor, fraternidade, e percebi claramente que Deus me chamava para uma Missão que só aos poucos eu entenderia.Com sabedoria, o Senhor foi me introduzindo na vida de nossa Paróquia em Quixeramobim, onde, a cada dia, ficava maravilhado com as pastorais e movimentos que conheci. Outros misteriosamente quiseram seguir-me e à medida em que nos abrimos à inspiração de Deus, começando a servir na animação litúrgica, no trabalho com os jovens e na comunicação, um número crescente de pessoas foi se reaproximando e redescobrindo a Igreja, como nós, em particular a juventude. Naquele mesmo ano, com a rapidez e a eficácia do Espírito Santo, teve início a RCC em nossa paróquia com a realização do 1º Seminário de Vida no Espírito Santo, o nascimento dos primeiros grupos de oração, ministérios e equipes de serviço. Uma liderança, com cerca de quarenta jovens, começou a caminhar e servir, sentindo o desejo de uma doação cada vez maior.Coordenando aqueles jovens senti a necessidade de se estabelecerem pequenas regras que norteassem a nossa caminhada, e, em oração, colocamos estas regras no papel. Eram dez pequenas regras. Estávamos no ano de 1995, ano da inauguração do Santuário da Imaculada Rainha do Sertão em nossa diocese. Uma amiga religiosa, Irmã Lúcia, récem-chegada da Itália, animou-me a apresentar aquelas regras básicas ao nosso bispo diocesano, a quem, até então, não conhecia pessoalmente. Daquele primeiro encontro com Dom Adélio Tomasin nasceu uma grande amizade, mais do que isso, uma verdadeira relação de pai e filho. Dom Adélio conseguiu vislumbrar naquelas pequenas regras algo mais que uma simples orientação para os jovens da RCC local: era uma nova obra de Deus a qual estava para nascer. Ele escreveu no nosso pequenino livro de regras: “Jesus e Maria façam crescer esta pequena semente”. Em seguida, carimbou e assinou. De certo modo foi a primeira bênção e reconhecimento que recebemos de forma tão precoce. Toda a conversa com o bispo foi a confirmação de um momento profundo que vivi, dias antes, na minha oração pessoal: Deus nos fez um chamado…através de uma profecia de Isaías… Deus nos fez uma promessa … “ Não terás mais necessidade de sol para te alumiar, nem de lua para te iluminar, permanentemente terás por luz o Senhor e teu Deus por resplendor (Is 60, 19). Teu povo será um povo de justos que possuirá a terra para sempre; será uma planta cultivada pelo Senhor, obra de suas mãos, destinada a sua glória. Do menor nascerá toda uma tribo e do mínimo uma nação poderosa, Sou Eu, o Senhor que em tempo oportuno realizarei essas coisas ( Is 60, 29). Porque, quão certo como o sol faz germinar seus grãos e um jardim faz brotar suas sementes, o Senhor Deus fará germinar a justiça e a glória diante de todas as nações” (Is 61,11).
A partir de então, Dom Adélio passou a nos orientar e motivar para que aprofundássemos aquele chamado. Incentivou-nos a fazer um dia de Retiro, com aquele grupo, para a entrega das regras. Obedecendo as orientações do bispo, em outubro de 95, vivemos aquele Retiro, passando a nos denominar, a partir dali, Projeto Boa Semente. Aumentaram em nós os laços fraternos e o desejo de servir a Igreja. Passamos a nos reunir semanalmente para buscar conhecer qual era o Projeto do Senhor para nós.
Em março de 1996, orientado por Dom Adélio, fiz um retiro pessoal para aprofundar o discernimento da vontade de Deus para nós que participávamos daquele Projeto.
Pelas mãos da mesma religiosa, Irmã Lúcia, Irmã da Misericórdia de Verona, chegou em minhas mãos uma pregação do Santo Padre o Papa João Paulo II, quando festejava 13 anos de seu Pontificado. Era um texto dirigido aos jovens do nosso País, em outubro (mês do Rosário e das Missões) de 1991, na sua visita ao Brasil, na Universidade Federal do Mato Grosso. Acreditamos que esta irmã foi um instrumento nas mãos de Maria.
Ao ler as palavras do Papa, que convocavam os jovens e as famílias a uma vida santa, tendo como base a parábola do Semeador, senti como se aquelas palavras estivessem sendo lidas em meu coração, como também, no coração daqueles que estavam unidos a mim naquele Projeto. O forte sentimento que me veio naquela circunstância foi reescrever todo o texto, literalmente (agora na “primeira pessoa do plural”), abraçando toda aquela convocação como estilo de vida, como nosso jeito de viver o Evangelho, como o Espírito da Obra que ali Deus confirmava: uma Nova Comunidade, uma Nova Fundação no coração da Igreja. A conclusão daquela mensagem do Papa aos jovens brasileiros era uma apresentação de todo aquele seu desejo a Nossa Senhora Aparecida, e um pedido para que se concretizasse. Acreditamos que, pela Misericórdia de Deus, somos uma resposta generosa e vibrante da Virgem Santíssima ao apelo do Papa cheio de esperança. Uma forma de presenteá-lo pelo seu 13º aniversário como “Vigário de Cristo”, pois a sua alegria é a alegria de Jesus.
Todo o retiro pessoal foi partilhado com os membros do Projeto e depois com o nosso bispo. Começamos então, uma nova etapa, caminhando para o nascimento da Comunidade, o que aconteceu no Natal de 1997, no coração do Ceará (Brasil), na singela Quixeramobim, sob a guarda de Santo Antônio de Pádua (Padroeiro de nossa cidade-mãe) e a intercessão de Santa Terezinha do Menino Jesus (grande amiga e patrona de nossa Comunidade). Começamos a nossa experiência de vida comunitária, naquela madrugada de Natal. Eu e minha esposa Dilena, grávida de Mariana (nossa primeira filha), juntamente com quatro moças que fariam caminho para a vida religiosa, como Comunidade de Vida. Ao mesmo tempo, assumiam-se também como membros da mesma Comunidade os irmãos e irmãs que caminhavam externamente, como Comunidade de Aliança. Nascia a Comunidade Mariana Boa Semente, com pouco mais de cem membros, naquela época, uma Comunidade de Vida e Aliança, que caminharia para as primeiras consagrações, que só aconteceram no Ano Jubilar (2000).